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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

É preciso trocar os porta-retratos...


Entre todo esse circulo fechado tem um buraco. Um buraco negro que engole em sua volta tudo que está vazio. E em meio tantos livros, tantas fotos, infinitos remédios, acessórios e maquiagens espalhadas pelo quarto, um porta retrato está vazio.


Foi preciso tirar da imagem um resguardo. Um acontecimento que não pode mais existir. Toda vez que alguma coisa muda o circulo fica menor. O meu circulo de viver. Porque certa vez foi preciso limitar.

Eu olho tudo em volta e alguma coisa me diz que preciso abandonar a superstição. Jogar fora alguma e exclusiva mágoa. Faz-se tão necessário organizar o que se deve e o que não se deve sentir que minha cabeça anda tonta. As pessoas andam falsas ou pelo menos parecem estar sendo [nada]. Não que tudo esteja fora do lugar, nunca esteve. O lugar é que abriga o ‘tudo’. Por isso eu ando meio fora de rota e de todos. Meu lugar não é fixo muito menos meu espaço é seguro.

Por tantas vezes mudei os livros de lugar, revirei gavetas, fechei algumas cartas, joguei outras fora. Liguei mas também não liguei. Você e o silêncio às vezes são bons. [Confesso] que revelei algumas fotos pra ter certeza de que não estou sozinha.

Mas hoje está tudo tão revirado que eu achei um espaço (pequeno, bem pequeno) ali: no quarto revirado num dia de domingo implorando segunda. Um espaço vazio. Sem foto, sem vida, sem cor, sem nada. Um porta-retratos vazio. Eternizado pela ausência. É preciso trocar os porta-retratos quando se tem uma foto. Quando ele está vazio não há o que trocar. Eu sou meu eterno porta-retrato.

2 comentários:

Epsilon Orionis disse...

Em meio de porta-retratos, alguns com os vidros quebrados, outros com resquícios nostálgicos que antecederam aquilo que jamais me faria ser o mesmo, daquilo que um dia poderia ser, sonhos e ilusões convivem em harmonia, em meio no emaranhado de laços, alguns de amargura ou tristeza, outros puramente singelos e doces, alguns quebrados e outros não, despedaçado por completo outros nem tanto. Mas olha, achei um porta retrato que não sabia que existia...

Helena de Oliveira disse...

=)