Tudo em mim fazia sentido: corpo, voz, velocidade, intenções, metas e viagens. Tudo traçado para ser, para acontecer e insistir. Eu habitava uma paz que continha segurança, força, renovação e esperança. Esperança em mim, no mundo, nas palavras, no inusitado.
No meio da calmaria mansa que andava minha vida você me aparece com um desenho feito à mão. Um desejo mal formulado. Uma pressa descompassada. E um olhar mudo. Olhar de passarinho manso. De gente com vontade de MUNDO. E preguiça do não-compreender cotidiano que cerra nossos olhos e ocupa nossa pressa.
Era você. De certa forma, era. Minha história se partiu em duas, um pedaço guardei da gaveta da memória o outro estava com vontade de te abraçar. O seu abraço existia e era maior que eu. Maior que minha imaginação. Maior que a minha pressa de fazer acontecer. Por isso eu parei: um passo a mais e eu estaria perdida em você.
Suas mãos, sua pele, seu jeito de economizar palavras... tudo era nada e nada era o tudo que faltava naquele tempo. Qualquer coisa em você era eterno quando a gente se beijada. Suas ideias, sua forma, sua significancia imediata, seu conteúdo e sua visão da vida. Sua poesia. Sua forma de habitar e sua mania de SER.
Eu fiquei parada e a vida vinha. Como quem nada espera e por tudo vive.
Minha paz é acordar sossegada. Dormir abraçada. Sentir o infinito que acontece dentro de mim: quando você não está. E continuar...
(feliz dia do desenhista).
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