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quinta-feira, 24 de maio de 2012

nós: em laços

ai. O papel está em branco. Acho que agora posso começar a escrever minha nova passagem. Porque tudo que começa vazio, se enche no meio e morre sozinho: é passagem.

Recebi um embrulho desses com laços de fita em cetim. Tinha uma cor que continha cheiro e nesse instante fiquei muda. Comecei a abrir o pacote com a certeza de que aquilo era verdadeiramente meu. Meu e de mais ninguém. O tempo que levei para ver, e decidir abrir o pacote, pareciam dois séculos. Quando - sorrindo - me deparei com dois anos vividos de amor contido dentro da caixa.

Estava lá: meu coração ralado e (incrivelmente) feliz. Peguei aquele tempo com as duas mãos, segurei as armadilhas, ocupei todos os espaços de mim e tive certeza de que era ele. Ele voltou. Embrulhado que nem presente.

A vida estava certa. A gente só se basta quando se completa. Aquele presente poderia ser futuro... Anos e anos de certezas e rotinas (...) Comecei a sonhar com a felicidade. Não podia acreditar que o tempo pudesse me dar de volta aquilo que sempre fora meu.

Obrigada. Deveria agradecer? É preciso agradecer e ser. Recebi aquele embrulho com muito carinho e a medida que o laço ia se desfazendo sentia um pouco dessa coisa que chamam de felicidade. Ele havia voltado lindo e sincero. Não poderia ser miragem - ou mentira.

Ele disse: você me quer? Então me leva. Nessa hora senti a vida como um pássaro. Metade de mim queria voar e a outra metade também. Mas eu não tinha asas. Eu tinha medo, angústia e uma vantagem: ser mulher. Guardei minha intuição no bolso. Fechei a gaveta da memória. Abri o coração para o novo. Decidi leve e sem culpa: eu não te quero. Eu te quero MUITO. Assim, embrulhado em laço de fita. Pode ser presente ou futuro em outra vida.




Um comentário:

patricia moreira disse...

Amei!! Nossa, muito bom seu texto. E me coube tanto.

http://adolescentesaborrecidas.blogspot.com.br/