Quando acordei era frio, a cama parecia me abraçar sem querer sair de mim. Uma preguiça lenta esticava meus braços e pernas. E eu levantei pisando no chão frio de cerâmica, pés tão quentes. Bocejei o peso do mundo.
A primeira aula era de Biologia, invertebrados, tudo fazia lembrar a viagem à Paraty no ano de 2007. O pepino e a estrela do mar nas mãos da professora Vivi. Aquela cidade esconde uma serenidade veemente literária.
Mas a proposta para essa sexta-feira era escrever uma crônica na aula de Produção Textual dada impecavelmente pela professora Raquel.
Ela não era muito alta, uma pele lúcida e pálida deixava à mostra formas definidas e um cabelo num louro a iluminar toda a sala. Mas havia nela uma certeza absoluta e madura. Duas tatuagens estrategicamente localizadas e um conhecimento infinito que passara aos alunos com fiel didática.
Eu não tinha tema para àquela crônica que ela havia proposto. Contudo, e exclusivamente hoje, ela vestia um vestido floral que despertava alegria. Em um dia cinza-sujo com avenidas encharcadas de chuva. O vestido era solto e combinava com um céu azul inventado e a minha falta de idéia.
Acontece que não havia espaço nem outras cores capazes de sutilmente entrar por essa sexta-feira floral e poeticamente feminina.
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