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terça-feira, 8 de setembro de 2009

matar a vontade de comer é diferente de fome



A ordem é certa e quase sempre a mesma: Consuma menos sal, faça caminhadas três vezes por semana, prefira defumados, nunca tome medicamento sem orientação médica, cigarro nem pensar, fast-food é risco de morte, atenção para bebidas alcoólicas e o açúcar a partir de hoje só no cafezinho. Muito bem, segunda-feira eu começo. Terça-feira eu faço uma listinha grifada na agenda e na quarta-feira eu desisto de tudo.

Afinal, o que é bom pra você? Eu não sirvo para isso. Mesmo assim faço. Repito e deixo registrada a minha tentativa falida. Mesmo assim, existem nessas regras itens que são realmente bons e necessários. Não estou sendo hipócrita e nem dizendo que saúde não se faz de bons hábitos.

O fato é que eu vejo o surreal acontecer.
Enquanto o vírus H1N1 foi escandalizado a dengue (os pneus, vasinhos e toda aquela água parada) desapareceram. Excluindo as controversas entre a morte por gripe suína e a morte por fome na África. Funciona mais ou menos assim: A áfrica mostra a barriga nas costas através de gráficos ou quando a indústria farmacêutica dá na cara que matou milhões. Já o vírus H1N1 (que mata na mesma proporção de uma gripe comum) mata o povo de susto. E o mesmo povo surta!

Enquanto isso eu leio uma nota que diz “dez dicas para ter uma digestão saudável’’. Dentre esse e outros noticiários eu prefiro o válido. Eu prefiro não ler o que não vou fazer. Nem eu nem você. A priori, desenvolveu em mim apenas um manifesto. E umas mistas velharias em notas para revistas de saúde. Que eu nunca compro. E que me deixam para baixo (já que dietas não existem e chocolates sim) e que trazem uma fincada de revolta.

Nessa linguagem ingênua e faminta que diz ‘favor não comer’ eu não ouso colocar nenhuma poesia. Nenhum sentimentalismo, nenhum ponto de vista contra ou a favor (mesmo já tendo minhas vistas embaraçadas sobre o real). O que está na nota está anotado todos os dias na agenda e não é cumprido. O que está na tentativa-de-não-sei-oque não está na verdade, na humanidade, na minha vida. Mas está por aí em toda parte.

Um comentário:

Thiago Vendramin disse...

Nós queremos consumir, a todo custo consumir. Queremos consumir saude e doença, e quando falta "assunto" no mercado, a gente inventa. Será que ainda faz sentido, essa classificação de humanidade?