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sexta-feira, 19 de março de 2010

Feli,

Sua pele negra, olhos de prata, largo sorriso.
Suas mãos grandes e macias, afago de mãe.

Boca vazia de dentes, mas cheias de estórias.
Generosidade ao extremo
Colo quente, abraço largo
Seu lenço... Sempre a esconder raros cabelos
Sua saia rodada e ancas de baiana fogosa
Voz... Não! Vozeirão.
Trovão ao falar acompanhado de longa gargalhada.
Tenho saudade do toque suave da pele, das laranjas baias,
de negra estátua de mãos estendidas com uma única bala
e teus olhos brilhantes a me esperar a pega-la.


Maria Felicidade de Jesus. Teu nome é tudo, síntese de ti.

- Que a paz e a luz e a sabedoria te acompanhe pela sua jornada.
Meu coração é teu, amor meu.

[Antônia Maria]



(esse poema foi escrito pela minha mãe Antônia destinado a sua madrinha-mãe: mulher guerreira que faleceu aos 90 anos em um asilo depois de viver grandes momentos conosco. Muito amada por nós mas abandonada por sua verdadeira família. Foi moradia de fé e alegria, sabedoria e grandes sonhos. Viveu em nossa casa alguns anos - e nos ensinou a cortar a melhor couve - mas preferiu uma solidão ingênua tomando outros rumos. E ela foi feliz. Esta entre nós...hoje e sempre. Te amamos!)

Um comentário:

Raquel Souza disse...

Nossa, que escrita espetacular!!!! Seus textos merecem publicação imediata!!! Não deixe este talento ofuscar! Você nasceu para ser poetisa, mas poetisa feliz... porque poeta sofredor, é coisa de romântico falido! Você é forte, de escrita forte e merece ser notada! Esse escrito parece com os de Adélia Prado! Lindíssimo!